Decorreu no passado domingo à tarde o VI Torneio "Natal Conde de São Bento", na Escola Agrícola em Santo Tirso. Como já vem sendo hábito, este é um torneio que atrai jogadores de todos os pontos da metade Norte de Portugal e que sendo assim, nesta edição conseguiu juntar 78 jogadores.
Depois do atraso da praxe, e de "extremas medidas de segurança em redor da sala do torneio" finalmente foram abertas as portas para que se desse início ao certame.
1ª ronda - Pedro Silva 0 - 1 Francisco Assunção
Comecei com um adversário da AX Pedro Hispano. Deu para notar algumas noções básicas da abertura no meu adversário, sabia colocar as peças na abertura, desenvolvê-las com um sentido posicional, etc. No entanto a partir daí senti que havia falta de plano, o que fez com que eu tranquilamente fosse ganhando material. Acabei por ganhar por tempo beneficiando que o meu adversário demorava bastante tempo a carregar no relógio.
2ª ronda - Francisco Assunção 1 - 0 Carlos Daniel Ribeiro
Neste jogo, e como penso que seja hábito do meu adversário, optou por responder 1...b6?! ao meu e4. Após ter conseguido a formação c4-d5-e4, e o meu adversário ter escolhido e7 para o outro bispo, ambos os bispos adversários ficaram bastante passivos e encurralados pela estrutura de peões. Logo na abertura deixou um cavalo pendurado em h5 e lá para o fim acabou por dar também um bispo. Quando já me preparava para promover um peão o meu adversário desistiu.
3ª ronda - José Francisco Rodrigues 0 - 1 Francisco Assunção
De uma forma um pouco estranha e porque os favoritos acabaram por perder nas rondas iniciais, nesta ronda ainda joguei com um adversário a um nível bastante baixo. Após ter ganho uma peça na abertura, o meu jovem adversário conseguiu montar alguma pressão no meu jogo e vi-me forçado a sacrificar um peão de forma a poder soltar as minhas peças para os lugares que queria. Pouco depois acabo por ganhar a dama e não demorei a dar o mate.
4ª ronda - Francisco Assunção 0 - 1 João Vicente
À quarta ronda finalmente tenho um jogo mais a sério, com uma exigência bastante maior. Joguei d4 na tentativa de conseguir um logo mais lento, sem grandes tácticos iniciais e onde pudesse calmamente construir um posição sólida. Aqui fica a partida na totalidade.
Durante largos momentos o meu cavalo de f2 foi uma excelente peça defensiva, compensando as fragilidades defensivas que tinha por ter trocado o meu bispo das casas brancas. A partir do momento em que as pretas tiveram a ideia correcta de o trocar, o meu rei viu-se "às aranhas" e não mais consegui compensar as minhas fragilidades defensivas. Ficou a ideia que colocar o bispo em g2 deveria levar a que optasse por uma estrutura de peões diferente no centro, algo que deverá ser pensado em futuras partidas.
Pelo meio, foi tempo para o lanche cedido pela organização do NXST, recarregando as baterias para o que aí vinha.
5ª ronda - Tiago Pereira 0 - 1 Francisco Assunção
6ª ronda - Francisco Assunção 1 - 0 Álvaro Brandão
Frente ao experiente Álvaro Brandão, já previa de antemão que houvesse siciliana no tabuleiro. Optei pela variante Alapin (2. c3) e aproveitei o lento desenvolvimento adversário para invadir desde cedo com os meus peões do centro. Aqui fica o jogo.
Ainda falhei alguns mates, o que é normal em rápidas. No entanto o domínio foi "avassalador", do princípio ao fim.
7ª ronda - Orphe Bolhari 0 - 1 Francisco Assunção
Joguei na última ronda com o nº 1 do torneio, detentor de um Elo FIDE de 2113, o iraniano Orphe Bolhari.
Com 6. e6?! o meu adversário tentou-me surpreender. No entanto já conhecia o tema, de alguns jogos no ChessCube, e soube-me defender da forma mais fácil. Consegui um desenvolvimento rápido, vantagem posicional e material. Com o belo táctico 22. Ne3+! ganhei vantagem decisiva, e certamente que boa parte dos jogadores com um elo superior a 2000 teriam desistido naquela posição, caso não se tratassem de rápidas. Mesmo assim, e de uma forma um pouco estranha para o nível do meu adversário, a agonia do monarca branco prolongou-se por bastantes lances, e foi preciso eu conseguir 2 damas e quando lhe restavam apenas 2 segundos no relógio para que tivesse finalmente desistido. Certamente que se na lista eu aparecesse com um elo um bocadinho superior a 1488, correspondente ao meu nível de jogo que o meu adversário teria desistido mais cedo, mas isto são suposições.
Com 6/7 imaginava que estaria com grandes hipóteses de figurar no pódio. Com alguma falta de ajuda do meu amigo Buchholz, acabei por ser relegado para 4º, em igualdade pontual com o 2º tendo apenas perdido com o vencedor. O 4º lugar é sempre o primeiro dos últimos, já que só havia prémios para os 3 primeiros. Já na edição do ano anterior havia apenas perdido com o vencedor e fiquei apenas em 5º. Mas o que é certo é que entre os 3 alguém teria de ficar em 4º e, em tempos natalícios, calhou-me a fava. Venceu de forma indiscutível João Vicente, da AX Pedro Hispano, seguido de Tiago Brandão Pinho dos Apaxes e António Pedro Marinho da AX Gaia. No que respeita ao AC Alfenense destaque para a boa performance de António Pintor com 5/7. Ruben Alves, em estreia, conseguiu uma posição totalmente ganha em final T+C+Ps vs T+Ps frente a José Pedro Cachorreiro, mas com uma distracção deixou que o adversário promovesse um peão e ganho a sua torre. Foi pena que a partir daí ficasse afectado e nunca mais tenha conseguido afirmar o seu nível de jogo. Com a experiência as coisas vão lá.
Aqui fica a Classificação.
O pódio final |
No final foram distribuidos os prémios dos escalões seguido do cabaz, que calhou em sorte a Carla Carneiro. Ultimamente, a malta da Escola da Ponte tem tido sorte já que na edição anterior havia sido Paulo Topa a levar o prémio.
Como balanço geral o torneio cumpriu com as expectativas de anos anteriores. A bela atmosfera, o relativo silêncio durante as partidas, o bom nível dos jogadores, e a boa organização com prémios para todos, faz do torneio já uma referência no panorama distrital. Por tudo isto se espera que se prolongue por muitos anos.