Como tenho vindo a noticiar, decorreram nos últimos dias o Apuramento para o Distrital de jovens. De minha parte já mostrei os meus jogos. Aqui fica uma análise breve de cada um.
Comecei o Apuramento com um jogo frente a José Miranda. Alguma falta de flexibilidade na abertura, por parte das pretas levou a que mesmo em desvantagem material, as brancas tivessem forte iniciativa. A partir de 23...Kf7? as brancas estariam ganhas com 24. Qe2! ganhando uma peça "limpinha". No entanto, prolonguei o jogo por mais um tempo e a variante que usei também acabou por me dar vantagem. Os destrutivos 36.Bxf6 e 37.Bxg5! decidiram o jogo.
Ainda nesse dia joguei com Catarina Costa, a nº 1 do torneio (1721). A partir de 17...a5 as pretas parecem um pouco melhor porque conseguem destruir a estrutura de peões das brancas. E quando as pretas tomam conta da última fila, parece que as brancas não conseguem aguentar a pressão. Contudo, e apesar de ter perdido um peão e de ter estragado um pouco a minha estrutura consegui trocar as peças e converter o jogo a um final empatado de 3 peões + bispo vs 2 peões + cavalo. Eram cerca de 21h30 quando saimos da escola para regressarmos a casa.
No dia seguinte, defrontei o meu já conhecido Nuno Andrade de pretas. O meu adversário decidiu inovar e jogar abertura de uma forma um tanto ou quanto defensiva. De alguma forma conseguiu montar forte pressão no meu ponto fraco em a7 ganhando esse peão. Mesmo assim troquei as peças e parti para um final de bispos. Normalmente em finais de bispos da mesma cor, um peão a mais chega para ganhar. Mas neste caso, o facto de eu ter mantido os meus peões em casas brancas fez com que o jogo ficasse empatado. A partir do lance 48 tinha empate, seguindo a linha mostrada no jogo. Até já falei com o Nuno Andrade e de facto não há "buracos" para explorar por parte das brancas. A parte positiva é que mesmo assim tenho mostrado alguma progressão ao nível dos finais, há algum tempo um dos meus pontos fracos, já que me defendi razoavelmente bem. Faltou pouco para o empate.
Como descanso após um jogo duro, e após ter jogado com os 3 primeiros do ranking, surgiu-me um bye. Na jornada seguinte defrontei Rúben Freitas. Este adversário, tal como a maioria dos jogadores do seu clube, opta por uma defesa siciliana. Assim tentei inovar e optei pela variante Alapin, ou siciliana com c3. As pretas de alguma forma foram lentas no desenvolvimento. Mas no meio jogo optaram por uma variante bastante típica da defesa índia de rei, o que me surpreendeu. Na índia de rei, normalmente as pretas optam por "disparar" os seus peões do roque abrindo espaço no roque adversário. A partir de 16...f5! as brancas perdem um pouco o controlo do jogo e são as pretas quem partem em vantagem. O meu adversário optimizou o seu domínio com os brilhantes 27... e3!! e 28... Nxg2+!! que leva a mate em 6. Apesar de tudo o meu adversário contou-me que ficou com o 29... Qf1+ na cabeça, dado que esse seria o lance ideal caso eu comesse o cavalo. A partir daí e seguindo as linhas mostradas no jogo, o meu adversário teve muitas hipóteses para ganhar e acabou por perder num final de torres em que até tinha um peão a mais. Mais uma prova que os meus finais estão a melhorar :).
Hoje, na última ronda defrontei Tiago Neves, que até à data dividia comigo o 3º lugar. Foi um jogo bastante posicional, em que se nota que as brancas pouco tempo tiveram para conseguir atacar o roque preto, como normalmente se faz na siciliana de dragão. A partir do momento em que as damas foram trocadas, as pretas ganharam iniciativa de jogo. A vantagem foi tornada evidente, a partir do bonito lance 32...Rh5. Tenho uma simpatia especial por lances que atravessam o tabuleiro duma ponta a outra, e ainda para mais, atravessando o centro :P. As brancas acabaram por errar ao darem-me o cavalo de e2 com 35. bxa4?? permitindo ao meu cavalo fugir com base em xeques mantendo a ameaça em e2. O meu adversário desistiu prontamente.
Com esta vitória, conquistei o 3º lugar isolado, a apenas meio ponto do duo da frente constituido por Nuno Andrade e Catarina Costa.Aqui fica a classificação final. Era tempo de posar para a posteridade e receber uma medalha, uma pequena lembrança e um saco com material de escritório. Pelo menos e como aspecto positivo, prémios não faltaram. Pena foi a intensa barulheira que se fazia sentir na entrega dos prémios em que mal se conseguia ouvir Manuel Pintor a enunciar os premiados. Acabou por ser um belo torneio para mim, que deixou belas perspectivas para a final distrital, em que prometo que irei lutar pelo pódio. Como complemento ainda referir que em apenas 5 jogos ganhei 40 pontos de elo fide, o que juntando aos pontos ganhos na Taça AXP faz com que já esteja a ganhar perto de 70 pontos em meia dúzia de jogos. A pouco e pouco as coisas parecem tomar o seu lugar. Nota ainda para a excelente prova dos jogadores do AC Alfenense, que conseguiu colocar 4 jogadores na fase final distrital de jovens. São eles José Pintor, que venceu o seu escalão sub-16, António B. Pintor, 4º classificado em sub-18 , Hugo Gomes que alcançou o 6º lugar em sub-14 e eu, 3º lugar em sub-20. Em Março lá estaremos :).