quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Análise aos jogos do Apuramento Distrital de Jovens

Como tenho vindo a noticiar, decorreram nos últimos dias o Apuramento para o Distrital de jovens. De minha parte já mostrei os meus jogos. Aqui fica uma análise breve de cada um.

Comecei o Apuramento com um jogo frente a José Miranda. Alguma falta de flexibilidade na abertura, por parte das pretas levou a que mesmo em desvantagem material, as brancas tivessem forte iniciativa. A partir de 23...Kf7? as brancas estariam ganhas com 24. Qe2! ganhando uma peça "limpinha". No entanto, prolonguei o jogo por mais um tempo e a variante que usei também acabou por me dar vantagem. Os destrutivos 36.Bxf6 e 37.Bxg5! decidiram o jogo.

Ainda nesse dia joguei com Catarina Costa, a nº 1 do torneio (1721). A partir de 17...a5 as pretas parecem um pouco melhor porque conseguem destruir a estrutura de peões das brancas. E quando as pretas tomam conta da última fila, parece que as brancas não conseguem aguentar a pressão. Contudo, e apesar de ter perdido um peão e de ter estragado um pouco a minha estrutura consegui trocar as peças e converter o jogo a um final empatado de 3 peões + bispo vs 2 peões + cavalo. Eram cerca de 21h30 quando saimos da escola para regressarmos a casa.

No dia seguinte, defrontei o meu já conhecido Nuno Andrade de pretas. O meu adversário decidiu inovar e jogar abertura de uma forma um tanto ou quanto defensiva. De alguma forma conseguiu montar forte pressão no meu ponto fraco em a7 ganhando esse peão. Mesmo assim troquei as peças e parti para um final de bispos. Normalmente em finais de bispos da mesma cor, um peão a mais chega para ganhar. Mas neste caso, o facto de eu ter mantido os meus peões em casas brancas fez com que o jogo ficasse empatado. A partir do lance 48 tinha empate, seguindo a linha mostrada no jogo. Até já falei com o Nuno Andrade e de facto não há "buracos" para explorar por parte das brancas. A parte positiva é que mesmo assim tenho mostrado alguma progressão ao nível dos finais, há algum tempo um dos meus pontos fracos, já que me defendi razoavelmente bem. Faltou pouco para o empate.

Como descanso após um jogo duro, e após ter jogado com os 3 primeiros do ranking, surgiu-me um bye. Na jornada seguinte defrontei Rúben Freitas. Este adversário, tal como a maioria dos jogadores do seu clube, opta por uma defesa siciliana. Assim tentei inovar e optei pela variante Alapin, ou siciliana com c3. As pretas de alguma forma foram lentas no desenvolvimento. Mas no meio jogo optaram por uma variante bastante típica da defesa índia de rei, o que me surpreendeu. Na índia de rei, normalmente as pretas optam por "disparar" os seus peões do roque abrindo espaço no roque adversário. A partir de 16...f5! as brancas perdem um pouco o controlo do jogo e são as pretas quem partem em vantagem. O meu adversário optimizou o seu domínio com os brilhantes 27... e3!! e 28... Nxg2+!! que leva a mate em 6. Apesar de tudo o meu adversário contou-me que ficou com o 29... Qf1+ na cabeça, dado que esse seria o lance ideal caso eu comesse o cavalo. A partir daí e seguindo as linhas mostradas no jogo, o meu adversário teve muitas hipóteses para ganhar e acabou por perder num final de torres em que até tinha um peão a mais. Mais uma prova que os meus finais estão a melhorar :).

Hoje, na última ronda defrontei Tiago Neves, que até à data dividia comigo o 3º lugar. Foi um jogo bastante posicional, em que se nota que as brancas pouco tempo tiveram para conseguir atacar o roque preto, como normalmente se faz na siciliana de dragão. A partir do momento em que as damas foram trocadas, as pretas ganharam iniciativa de jogo. A vantagem foi tornada evidente, a partir do bonito lance 32...Rh5. Tenho uma simpatia especial por lances que atravessam o tabuleiro duma ponta a outra, e ainda para mais, atravessando o centro :P. As brancas acabaram por errar ao darem-me o cavalo de e2 com 35. bxa4?? permitindo ao meu cavalo fugir com base em xeques mantendo a ameaça em e2. O meu adversário desistiu prontamente.

Com esta vitória, conquistei o 3º lugar isolado, a apenas meio ponto do duo da frente constituido por Nuno Andrade e Catarina Costa.Aqui fica a classificação final. Era tempo de posar para a posteridade e receber uma medalha, uma pequena lembrança e um saco com material de escritório. Pelo menos e como aspecto positivo, prémios não faltaram. Pena foi a intensa barulheira que se fazia sentir na entrega dos prémios em que mal se conseguia ouvir Manuel Pintor a enunciar os premiados. Acabou por ser um belo torneio para mim, que deixou belas perspectivas para a final distrital, em que prometo que irei lutar pelo pódio. Como complemento ainda referir que em apenas 5 jogos ganhei 40 pontos de elo fide, o que juntando aos pontos ganhos na Taça AXP faz com que já esteja a ganhar perto de 70 pontos em meia dúzia de jogos. A pouco e pouco as coisas parecem tomar o seu lugar. Nota ainda para a excelente prova dos jogadores do AC Alfenense, que conseguiu colocar 4 jogadores na fase final distrital de jovens. São eles José Pintor, que venceu o seu escalão sub-16, António B. Pintor, 4º classificado em sub-18 , Hugo Gomes que alcançou o 6º lugar em sub-14 e eu, 3º lugar em sub-20. Em Março lá estaremos :).

domingo, 19 de dezembro de 2010

Xadrez do AC Alfenense em destaque no Jornal Novo de Valongo


Na edição de 10 de Dezembro do Jornal Novo de Valongo, saiu uma pequena reportagem acerca da secção de xadrez do AC Alfenense. Nesta reportagem, destacam-se algumas declarações de António Abranches Pintor e ainda referências aos resultados da equipa, nomeadamente com os últimos resultados na Taça AXP. Aqui fica o excerto do jornal na íntegra.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

V Natal Conde de São Bento

Ontem à tarde, decorreu na Escola Agrícola Conde de São Bento, o 5º Torneio com o nome desta individualidade que deu o nome a esta escola.

Foi um torneio muito disputado, com 90 jogadores a participarem, oriundos desde Braga até Coimbra.

Acabou por ser a primeira vez que participei neste torneio, que foi bastante bem organizado pelo NX Santo Tirso. O torneio disputou-se em 7 rondas em formato de 10 min por jogador.

1ª Ronda - Francisco Assunção 1-0 António A. Pintor


Comecei um torneio com um combate "fraticida" entre mim e o meu "tutor" do clube. Após ter colocado enorme pressão na abertura, uma desatenção minha, motivada ainda por alguma falta de "aquecimento", custou-me um peão na abertura, mesmo assim mantive-me "à escuta" do erro do meu adversário, que ocorreu aqui.


O meu adversário desistiu, com razões para isso.

2ª Ronda - Francisco Assunção 0-1 Fernando Nora

Logo na segunda ronda, sentei-me na confortável 1ª mesa, para defrontar o nº 1 do ranking do torneio. Neste jogo, após ter iniciativa inicial, o meu adversário forçou a troca de damas. Mas, como se não bastasse, abri um buraco em e5 para o cavalo adversário que lá se posicionou durante boa parte do tempo, e que combatia contra o meu bispo, que só entrou em jogo na parte final. Uma desatenção motivada pela enorme pressão a que estive sujeito, custou-me uma torre em troca do "todo-poderoso" cavalo adversário. Em evidente desvantagem não desisti, e já com menos de 20 segundos, empatei o jogo nesta posição.


Aqui as brancas parecem que com tempo conseguem pelo menos o empate, contudo, o tempo não ajudou, e acabei o jogo com 2 peões a menos. Com mais tempo, provavelmente seria capaz de melhor.

3ª Ronda - Luís Monteiro 0-1 Francisco Assunção


Neste jogo há pouco para contar. Joguei com um jovem que fazia o seu primeiro torneio na vida, e com tanta peça que me ofereceu, tornou-se difícil escolher qual devia comer primeiro. Uma jornada de "descanso" após um jogo complicado.

Em jogos como este, dava para jogar de olhos fechados :P
4ª Ronda - Francisco Assunção 1-0 André Moço

Neste jogo, logo na abertura, o meu adversário ofereceu-me duas peças. Apesar disso, pouco tempo depois, com um "garfo" de dama, apanhou-me um bispo e uma torre. Movi a torre e perdi o bispo. Mesmo assim controlei e ganhei com relativa facilidade.

5ª Jornada - Hugo Moreira 0-1 Francisco Assunção



Nesta partida, foi com alguma e inesperada facilidade que bati o meu adversário. Já havia jogado com o Hugo Moreira bastantes vezes, mas sempre foram jogos equilibrados. Este acabou por ser mais fácil. Vejamos o que aconteceu.


Estranhamente, o meu adversário decidiu começar a oferecer as peças quase todas e esperou até que o mate fosse consumado para dar o vulgar aperto de mão.

6ª Jornada - António Manuel Mendes 0-1 Francisco Assunção


Neste jogo, motivado por ter uma estrutura de peões que assim o indicava, e por ter ainda o par de bispos, ao contrário do meu adversário, decidi atacar da forma mais severa que pude, o roque do meu adversário. Como resultado, o meu adversário gastou uma boa parte do seu tempo, e apesar de eu ter dado a qualidade, acabei por recuperá-la pouco tempo antes do meu adversário ter perdido por tempo.

7ª Jornada - Francisco Assunção 1-0 António B. Pintor




Chegamos à ronda derradeira, em que defrontava o meu colega de clube, que, até àquela ronda, e tal como eu, apenas tinha perdido com Fernando Nora. Para além disso, António B. Pintor chegou a ter um score perfeito de 5 pontos nas primeiras 5 rondas. Previa-se um jogo difícil. Contudo, como colega de clube que era, eu já conhecia as suas "manhas" e já tínhamos estudado uma linha profunda da Defesa Escandinava, recentemente adoptada pelo meu adversário. Aqui vai o jogo, até ao momento em que ganhei vantagem decisiva.


A partir daqui, dei-me ao luxo de perder o peão a, e mesmo assim ganhar com facilidade.

Com 6 pontos em 7 jogos, acabei o torneio apenas perdendo com o eventual vencedor do torneio. Mesmo assim fiquei-me "apenas" pelo quinto lugar, em igualdade pontual com o 3º e a meio ponto do duo da frente. O torneio foi vencido por Fernando Nora, seguido por João Vicente e o surpreendente José Pintor, meu colega de clube, que esteve em tarde inspirada. 

Apesar da minha boa prestação, acabei por não ganhar nenhum prémio, o que em parte me desiludiu um pouco. Talvez faltaria que dessem também um prémio ao escalão sub-20, tal como deram a todos os escalões, para eu também receber o meu troféu. Falando no torneio em geral, penso que foi muito bem organizado, prova disso foram as comitivas, algumas que vieram de longe, que premiaram, de certa forma o esforço que o NX Santo Tirso tem vindo a demonstrar na organização de eventos do género. O facto de ser pago, não se mostrou como entrave, e acabou por ser compensado pelo lanche gentilmente oferecido pelo clube, a meio do torneio. O único aspecto que considerei negativo foi o facto dos prémios destinados aos 3 primeiros lugares serem "menos atractivos" que os prémios para os vencedores de cada escalão. Facto esse que motivou o meu colega José Pintor a até ter achado que preferia ter ficado em 4º e ter recebido o prémio de melhor do escalão sub-16, do que ter recebido o seu prémio de 3º lugar, uma vez que os prémios não eram acumuláveis.

Todos os jogadores tiveram direito a uma medalha em formato de porta-chaves, e um pai natal de chocolate. No final foi sorteado o cabaz de Natal que se vê na imagem, que calhou em sorte a Paulo Topa, jogador do Pontex.

Toda a colectânea de fotos, da autoria de Afonso Duarte, poderá ser vista clicando aqui.

Espero que haja mais no próximo ano :)