domingo, 20 de junho de 2010

Torneio Aberto "Verão 2010"

Decorreu hoje nas esplanadas do Largo Coronel Baptista Coelho em Santo Tirso, um torneio de rápidas de 5 minutos com o objectivo de divulgar a modalidade neste concelho.
Como sempre acompanhei os meus companheiros do AC Alfenense e partimos em busca de prémios.

1ª ronda José Pedro Cachorreiro 0-1 Francisco Assunção

Como já era a quarta vez que nos defrontávamos esta época, não houve grandes segredos nesta partida. A abertura foi a mesma do outro jogo (1.e4 e6 2.Bc4?! d5 3.exd5 exd5 4.Bb3) a partir de certa altura perco um cavalo obtendo como compensaçao um duplo peão passado no centro. Continuei a progredir e quando so restavam torre+cavalo e peões contra torre e peões, aproveitei uma oferta do cavalo do meu adversário já em apuros de tempo e estava com a posição ganha. No entanto, quando só me restavam 4 segundos no relógio e ao meu adversário 8, foi-me proposto empate. De forma corajosa recusei e quando só me restava um segundo no relógio caiu a bandeirinha do meu adversário e venci por tempo :) Tive sorte é verdade mas rápidas são mesmo assim.

2ª ronda Rui Miranda 0-1 Francisco Assunção
Mais uma vez, Rui Miranda apostou tudo num ataque ao rei que desta vez mostrou-se melhor planeado. No entanto fui-me defendendo bem e conseguir travar na totalidade os ataques que apareceram. Quando tive oportunidade de atacar o meu adversário cometeu alguns erros que lhe foram custando peões. O meu adversário acabou por perder ao não responder a um xeque que lhe fiz, fazendo um lance ilegal.

3ª Ronda Francisco Assunção 1-0 António Pedro Marinho

Neste jogo devido a algumas impresições, fui forçado a oferecer uma torre para evitar mate. Quando me encontrava com uma torre+rainha+peões contra 2 torres mais rainha e peões, tinha o meu tempo a acabar e preparava-me para desistir. No entanto, e depois de ter feito 2 ou 3 jogadas com apenas um segundo no relógio, enquanto o meu adversário usufruía de perto de 40 segundos, faço xeque e o meu adversário não protege o seu rei cometendo lance ilegal! O meu jovem adversário quase que depois nem podia falar, ficou desolado. Eu também ficava, penso que ele perdeu da pior maneira que pode haver!

4ª ronda Francisco Assunção 1-0 Nuno Andrade
Recém chegado de Trás-os-Montes, onde disputou o Torneio de Balsamão, Nuno Andrade vinha com falta de ritmo em rápidas, o que fez com que cometesse um erro no início.


As pretas deixaram as brancas jogar 8.Nb5! Este lance constitui uma dupla ameaça a c7 e d6 e aquele cavalo vai ficar extremamente bem posicionado. As pretas jogaram 8.Na6 e eu respondi com 9.Nd6+.  Contudo 7.c5 está contido no livro de aberturas de alguns livros de aberturas de programas de xadrez como por exemplo no Chessmaster XI o que é um indício para que o meu adversário tenha cometido esse erro. O jogo prosseguiu para um final equilibrado de duas torres+peões, mas o meu adversário gastou muito tempo e facilmente veio a perder por essa razão.

5ª ronda António Bastos Pintor 0-1 Francisco Assunção
Neste jogo usei a abertura francesa o que desorientou um pouco o meu colega de clube. Adquiri uma bela vantagem no espaço, com o meu bispo hipoteticamente mau das casas brancas a dominar a diagonal a6 f1, o meu adversário ofereceu alguns peões e num final de cavalos em que tinha 2 ou 3 peões a mais, perdeu por tempo.

6ª ronda Francisco Assunção 0-1 Luís Dias
Neste jogo, o meu adversário usou a defesa Philidor e desde cedo começou a perder por posição. Rapidamente comecei a acumular material. Até que aconteceu um caso algo polémico que gostava que comentassem: eu toquei no peão de a7 do meu adversário e fiquei com ele na mão. Depois reparei que esse peão tava protegido pelo bispo e por isso não podia come-lo com a minha torre. Larguei a peça e disse "Ajeito" logo de seguida joguei  Rd1 e o meu adversário chamou o árbitro por jogada ilegal, uma vez que já tinha tocado no peão e por isso tinha que capturá-lo. Mas uma vez que disse "Ajeito" não seria permitido jogar outra peça? Eu pouco percebo de arbitragem, mas como já conheço o Luís Dias rapidamente percebi que ele não ia ceder, e como eu estava ali na desportiva cedi-lhe a vitória. Também deu para acertar as contas da sorte que tive naquele jogo do António P. Marinho :P

7ª ronda José Bastos Pintor 0-1 Francisco Assunção
Coube-me por fim defrontar o meu companheiro de equipa José Bastos Pintor. A minha tarefa ficou facilitada quando o meu adversário começou a disparatar decidindo oferecer peça atrás de peça. Eu agradeci e o meu adversário acabou por desistir.

Terminei com 6 pontos, o que foi o suficiente para vencer o torneio apesar de ter terminado em igualdade pontual com o Luís Dias e o António Bastos Pintor, mas com melhor desempate.
Uma nota ainda para o incidente que aconteceu na mesa 1 na última ronda entre Nuno Andrade e António Bastos Pintor. Pelo que vi Nuno Andrade estava a 3 segundos de perder por tempo enquanto que a António restavam 24 segundos. No tabuleiro estavam uma dama preta + peões pretos contra torre e peões brancos. António com o jogo completamente ganho por tempo e posição chega com o peão à última fila. Como já havia uma dama no tabuleiro normalmente usa-se o sistema de por uma torre invertida a fazer de dama. Contudo Nuno Andrade estava com as duas torres na sua mão. Assim António chegou com o peão à última fila e esperou que o seu adversário lhe desse a torre. Carregou no botão e Nuno não lhe deu a torre. Nuno acabou por se queixar que António não podia carregar no botão se tinha um peão na última fila. Mas se já havia uma dama no tabuleiro penso que qualquer peça a pode substituir em caso de promoção, já que não havia qualquer dama preta disponível! Nuno teceu fortes críticas à arbitragem motivadas por algo que se lamenta, o mau perder. Isto ainda é mais lamentável quando este jovem foi candidato a presidente da FPX nas últimas eleições (!). Eu acho que mudava de federação se tivesse este presidente. O que era suposto ser um torneio de divulgação da modalidade foi imaginado por Nuno como um Campeonato Nacional Absoluto em que perder era algo que lhe arruinava a carreira. Aliás, se eu fosse o Nuno provavelmente não concederia livremente a minha derrota frente ao Luís Dias. O xadrez é suposto ser uma competição e um desporto para nos divertirmos a passar o tempo. Penso que nenhum dos que estava neste torneio tem intenções de se profissionalizar e por isso não devemos agir pelo lado na discussão. Fica o recado para o Nuno, para futuras competições.

Até uma próxima.

1 comentário:

Paulo Topa disse...

Boas.

Em relação à questão do "Ajeito" parece-me que a regra é clara e que tinhas mesmo de a tomar.
"4.2 - Desde que antes manifeste a sua intenção (por exemplo, dizendo ‘ajeito’), o jogador que tem a vez de jogar pode ajeitar uma ou mais peças nas suas casas.
4.3 -Ao não respeitar o descrito no artigo 4.2, se o jogador que tem a vez de jogar, tocar sobre o tabuleiro em:
b)uma ou mais peças do seu adversário, tem de capturar a primeira peça tocada, que possa ser capturada, ou..."

Em relação à questão do jogo do Nuno Andrade, parece-me que a questão é mais delicada.

No ponto 4.6, as regras dizem:
"Quando como consequência de um lance legal ou parte de um lance legal, uma peça for largada numa casa, não pode no mesmo lance ser movida para outra casa. O lance é considerado feito quando todos os requisitos
relevantes do Artigo 3 tiverem sido cumpridos:"
"c) no caso de promoção de um peão, quando o peão tiver sido removido do tabuleiro e a mão do jogador
tiver largado a nova peça, após colocá-la na casa de promoção. Se o jogador já tiver largado o peão que alcançou a casa de promoção, o movimento não está feito, mas o jogador não pode jogar o referido peão para outra casa."
Por outro lado, na 6.13:
"O jogador somente pode parar os relógios para procurar a ajuda do árbitro, por exemplo, quando correr
uma promoção e a peça requerida não estiver disponível."
Ora, primeiro a peça não estava disponível, por isso o António deveria ter chamado o árbitro. O Vitorino Dias Ferreira diz que uma torre virada ao contrário não é uma dama, é uma torre. E, no fundo, é uma situação que pode acontecer com alguma frequência.
Eventualmente, o António poderia ter acusado o Nuno de má fé por ter as peças na mão, mas seria uma situação diferente.
Depois, o António não poderia ter trocado o relógio porque não tinha terminado a sua jogada.
As regras não abarcam tudo e o árbitro deve usar o seu bom senso para ajuizar a situação. Creio que foi o que o Ricardo Amaral fez. Penso que teria optado pela jogada ilegal se fosse árbitro (felizmente, não era), mas não me choca nada (até acho que é perfeitamente defensável) compensar o Nuno com algum tempo e mandar prosseguir.

Esta é a opinião, de um árbitro distrital com muito pouca experiência.

As regras podem ser encontradas aqui: http://fpx.weebly.com/uploads/1/3/7/1/137131/regras_de_xadrez.pdf