sábado, 10 de julho de 2010

4ª Jornada do Distrital Individual Absoluto

Decorreu ontem a 4ª Jornada da Final do Distrital Individual no Museu do Vinho do Porto.

Desta vez coube-me defrontar Miguel Ferreira, o Campeão Distrital de Sub-18 e recém 3º Classificado no Distrital de Rápidas.


4ª Jornada-Francisco Assunção 1467 (22) 1/2-1/2 Miguel Ferreira 1831 (9)

Previa-se, claro está, um jogo complicado, contra um adversário bem mais experiente. Na abertura escolhi jogar a inglesa (1.c4), mas que rapidamente foi transposta para Gambito de Dama recusado variante Semi-Eslava.





Após o ligeiro erro 14.Qxb6? perdi um peão na abertura. Contudo, aí olhei para o jogo das pretas e previ que todo o jogo das pretas iria passar por aquele cavalo de c4, dado que as outras peças se encontravam "empancadas" pelo bispo mau de c8. Assim sacrifiquei a qualidade. Contudo, nesta altura a minha desvantagem já rondava os -1.5 de acordo com o Chessmaster XI o que mostra que esta foi uma manobra arriscada. Algo curioso foi que esta desvantagem manteve-se inalterada até perto do lance 30, o que mostra que de facto o jogo não estava fácil para as pretas. Até que chegados ao lance 42 chegou o momento do jogo. As brancas parecem perdidas mas aqui joguei 42.Rf7+. Á primeira vista parece um xeque normal mas se virmos bem, o rei tem poucas hipóteses de fuga ao perpétuo ou à perda de material!
Legenda: Ponto negro: Quadrado para o qual o rei não se pode mover
Ponto verde: Quadrado em que o rei se salva de perpétuo sem perda material importante
Ponto amarelo: Quadrado em que o rei pode levar perpétuo.
Ponto vermelho: Quadrado que implica uma grande perda material.

O plano das pretas devia assim passar por chegar à casa segura (e6) sem passar por casas com pontos vermelhos. As pretas preferiram escolher 43.Kf5? e perderam a torre. O ideal seria o itinerário f4-e5-d5-e6. Aqui a minha desvantagem passou de -4.5 para aproximadamente 0. 
A partir daqui, e com xeques bem calculados, consegui aproveitar a frágil estrutura de peões que o meu adversário tinha comi todos os seus peões. Chegámos assim a um final curioso de Torre e Cavalo vs Torre. Teoricamente este final é um empate. Contudo já foi visto em alguns encontros, GM's conhecidos a tentarem vencer neste final. No entanto, tal só acontece com algum erro grave por parte de quem defende e no caso de que quem defende estar com o seu rei encostado a um lado do tabuleiro. Vejam por exemplo este jogo em que Kasparov venceu neste final: Judit Polgar vs Garry Kasparov, 1996 0-1
Naquela altura já me encontrava um pouco fatigado e como ficaria satisfeito com o empate decidi oferecê-lo ao meu adversário. Para espanto meu, mas explicado pelo facto do meu adversário estar extremamente frustrado com o seu resultado, o meu adversário recusou. Por uma razão até tem uma certa lógica: eu no relógio tinha pouco menos de 10 minutos, enquanto que o meu adversário usufruía de quase uma hora. Estranhamente, tive que ser eu a forçar empate com a troca de torres. Deste jogo resultou assim um resultado bastante positivo em que mais uma vez fui premiado por um sacrifício de qualidade que até teve a sua lógica
A classificação é liderada por um trio formado por 3 jogadores com 3.5 pontos em 4 possíveis (Jorge Ferreira, Jorge Coelho e Rui Trindade). Já eu estou contido no grupo dos 18º com 1.5 pontos.

Na próxima jornada defrontarei de pretas Fernando Carvalho.

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